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Seminário em Belém une saberes em defesa de uma sociedade antirracista

Aberto com a exibição do vídeo “Belém rebelde. Cabanagem”, de Célia Maracajá, o segundo dia do seminário (Re)alianças cabanas: história e memória dos povos indígenas e negros na grande revolução amazônica – 1835-2023, nesta quarta-feira, 25, encerrou com saldo positivo a programação organizada pela Coordenadoria Antirracista de Belém (Coant), em conjunto com a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e a Universidade Livre da Amazônia (Ulam).

As mesas e debates ocorrem no auditório da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário (Sedap) e contaram com o apoio da Ouvidoria do Município de Belém, da Secretaria de Meio Ambiente de Belém e da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena.

Objetivos

Os dois principais objetivos do seminário foram alcançados, explica a titular da Coant, Elza Rodrigues: “As pesquisas mais conhecidas são aquelas que detalham muito as lideranças cabanas. Desta vez, não. Ressaltamos a participação da população negra e indígena nesse movimento tão importante não somente para o Pará, mas para o Brasil, porque propunha um rompimento da estrutura colonial da época”, pondera Elza.

Por outro lado, “além de terem vindo pessoas qualificadas, capacitadas e que já investigam esse tema há muito tempo, houve a participação de quilombolas e indígenas, divulgando sua própria investigação, a partir de um lugar de identidade, sobre seus antepassados, seus ancestrais”, complementa.

Adiado do ano passado para 2023, por causa das restrições sanitárias diante da covid-19, o seminário está alinhado com a proposta de governo que a Coant tem levado adiante. “A gente entende que, para combater o racismo estrutural, institucional, a gente precisa discutir o racismo, recolocando a presença de segmentos historicamente discriminados”, explica Elza Rodrigues.

Agente antirracista

“Realizamos, inclusive, um seminário com a Guarda Municipal, que participou de duas atividades que a Coant promoveu junto com a Semad. Existe toda uma legislação que assegura as políticas públicas de ações afirmativas e estes cursos de formação estão nesta perspectiva de capacitar o servidor, para que ele seja um agente antirracista. Ao mesmo tempo, damos uma resposta à sociedade, porque é este servidor que vai atender às pessoas nos postos de saúde; pela Guarda Municipal; ou na Recepção de qualquer espaço institucional”, argumenta a coordenadora.

Novas interpretações históricas

Leonardo Torri, do Arquivo Público do Estado do Pará, destacou em sua exposição que o órgão é o quarto mais importante do Brasil, em sua categoria, dado o volume de seus acervos dos períodos Imperial, Colonial e Republicano, com cerca de 4 milhões de documentos. E, ainda que não tenha sido possível catalogar especificamente aqueles referentes à Cabanagem, o Arquivo Público, fundado em 1901, continua sendo espaço quase obrigatório para quem deseja se dedicar ao estudo da Cabanagem, até pela riqueza informativa de peças oficiais e únicas.

Leonardo ressalta que, sim, são documentos marcados pelo ponto de visto do Estado, essencialmente branco e masculino, tratando de forma pejorativa muitas categorias sociais. É sua releitura e mesmo a leitura de documentos ainda inexplorados que abrirão perspectivas históricas originais. Torri reitera que os cabanos tomaram o poder e há documentos administrativos produzidos por eles, em 1835, dentro dos acervos do órgão.

História oral

Antropóloga e presidenta da Associação da Comunidade Quilombola de Sucurijuquara, Roberta Vale apostou na metodologia da história oral para sua pesquisa sobre o perfil e formação de sua própria comunidade, localizada na ilha do Mosqueiro.

A partir da escuta de senhoras mais idosas, Roberta chegou ao possível período de formação da comunidade, há pelo menos 250 anos, ocupando um território que ia das margens do igarapé Pratinha até as margens do igarapé Sucurijuquara – nome que pode ter origem na composição de terminologias indígenas para dizer “o índio matou a cobra que estava no buraco”.

A população cresceu desde a época de sua pesquisa, 2016, até agora: de 410 pessoas para mais de 650.

Valorização

Roberta conta que um dos marcos para o reconhecimento da comunidade como quilombola se deu em 2010, com os primeiros estudos formais no local.

Em 2013, técnicos da Fundação Palmares chegaram com a certificação.

E, em 2019, a associação foi reconhecida de fato e de direito, podendo acessar políticas como as de cotas, oportunizando o ingresso de jovens em cursos da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Roberta, então, passou a palavra ao médico Rafael Cabral (Sesma), que atua no posto de saúde da comunidade e apresentou, pela primeira vez, o folder detalhando o trabalho promovido a partir de 2021 intitulado “Medicina atroposófica aplicada à saúde da mulher na comunidade quilombola Sucurijuquara”. O folder valoriza tanto os saberes populares (como o uso de ervas medicinais para o cuidado ginecológico), quanto os mais contemporâneos (como o uso de coletores menstruais).

Também participaram da programação o engenheiro agrônomo e educador ambiental Poraquê Munduruku e a geógrafa e escritora Márcia Kambeba. A atividade integrou a programação de aniversário de Belém, celebrado no último dia 12.

Texto:

Erika Morhy

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